Friday, May 12, 2006

Profundidade Escondida

Existe tarefa mais simples do que desancar os Estados Unidos da América? Qualquer intelectualóide que curse faculdade vai listar 500 motivos, se ele não gostar muito de se alongar, do porque devemos odiar do fundo dos nossos corações tropicais qualquer coisa que venha daquele território. Tenho que dizer que não nutro nenhuma espécie de simpatia pelo american way of life, e pra ser sincero 90% do que é americano consiste em coisas ruins para essa bobagem que se chama resto da humanidade. E é aqui que o caminho se bifurca: quando tu constata que algo em que tu acreditava, ou compartilhava, se deteriora inadvertidamente, as tuas opções são a) partir para a ignorância (Michael Moore faz isso muito bem) ou b) voltar-se para o que um dia fez daquilo que tu acreditava algo grande, bonito e simples.
Jenny Lewis parece demonstrar ao ouvinte de suas canções que se o povo não lembrar de onde ele veio talvez nunca se livre dos que usam suas memórias contra eles. E ela faz isso sem canções de protesto, embora utilize o folk, mas sim com melodias que cortam os ouvidos yankees, com melodias rurais e empoeiradas que remetem não a um tempo específico, mas a um estado de espírito que se perde conforme um povo passa a utilizar sua história como muleta, e não como veículo para aprimoramento.
Cameron Crowe vai além de Jenny. Utilizando a música americana (ou que trate do país) como um complemento artístico e afetivo aos seus filmes, pinta um quadro de um país em que os filhos não conseguem entender o mundo em que os pais viveram, pois cada 30 anos que se passa em solo americano parecem distanciar mais o que eles foram e o que eles estão prestes a se tornar. E faz isso com filmes de linguagem e temáticas simples, mas que são muito mais do que aparentam ser.
Nos próximos dias textos sobre o disco de Jenny Lewis com as Watson Twins – Rabbit Fur Coat – e do último filme de Cameron Crowe, Elizabethtown. E por mais incrível que possa parecer, essas linhas mal escritas não usaram em nenhum momento a expressão FUCK YOU BUSH! Logicamente ele merece, mas saibamos separar coisas separáveis, como Mensalão e Brasileirão 2006.

2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Mensalão 2006 é a melhor!
hahahahahaha
abraço!

12:06 PM  
Blogger Anna Blume said...

É... mil maneiras de se formular uma crítica.

10:26 AM  

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