Tuesday, June 12, 2007

O céu da minha casa, ou A Normalidade é minha Religião

A diferença básica entre as pessoas é que umas sabem explicar e as outras não. E as pessoas que realmente me causam inveja são as que além de te explicar, te divertem, te fascinam e te estimulam através da explanação que estão fazendo. Geralmente saber contar algo pra alguém não demanda conhecimento daquilo, ou vivência no caso específico (aliás, quem acha que sabe explicar as coisas e faz deste jeito são chatos inveterados), na verdade o que torna alguém fascinante ao contar algo é a entrega que ela passa ao te explicar aquilo que ela descobriu, e que teve tanta relevância pra essa pessoa que ela se obrigou a te contar.
Após este breve raciocínio, os fatos.

O tédio é a mola propulsora da vida moderna. Sem esse fascinante estado de “moleza” corporal e esvaziamento da mente sem precisar apelar pro Maharishi mais próximo, muito daquilo que convencionamos chamar CULTURA MODERNA simplesmente se dividiria entre as manifestações descerebradas costumeiras e as tentativas intelectuais terrivelmente xaropes. Viveríamos entre o hit parade das novelas - rádios - mtv e a mpb - inteligência fabricada - internet rápida - livros curtos.
Por essas e muitas outras razões, há um período na música (no rock, vá lá) em que o tédio original, aquele que existia nas tardes de quinta-feira de abril dos anos 90, é representado por muitas bandas. Não vou tentar justificar a localidade da maioria dessas bandas, ou o tipo de som que era basicamente o mesmo, ou mesmo a postura de pessoas normais que só estavam ali tentando se desvencilhar do emaranhado de NADA que a vida delas se tornou na mesma época, em diversos pontos do planeta ao mesmo tempo.
O sentimento que percorre a memória ao ouvir Superchunk (que só encontra par nas audições de Dinosaur Jr., Pavement e principalmente do perfeito Teenage Fanclub, entre alguns outros) é exatamente o mesmo de sentar no meio fio da rua da minha casa quando eu tinha 11 anos de idade, ou de jogar bola sozinho no gramado lá de casa. É como sentir que não há nada para fazer e começar a jogar conversa fora com pessoas que também partilhavam do mesmo sentimento de inércia que tu estava sentindo, vendo programas de TV igualmente vazios em sofás forrados nas salas iluminadas pelo sol das 4 e meia da tarde. É como não ter lugar no mundo mas sentir que o mundo naquele momento é o teu lar, mesmo que tudo pareça perfeita e aborrecidamente normal.
Superchunk, obrigado por devolver as tardes da minha memória cheias de grandes nadas saudosos.



2 Comments:

Anonymous Anonymous said...

eu diria mais.. o tedio nos levava a tentar descobrir qual seria a proxima musica a ser sorteada aleatoriamente no som do teu pai ouvindo gabriel o pensador ou entao mamonas assassinas ou qualquer outro som mestre que a gente ouvia na epoca...

o tedio nos levava a ficar assistindo doug, pois nao havia tedio que resistisse aqueles desenhos antigos.. a gente olhava na tve ainda!!! antes da disney comprar os direitos..

o tedio nos levou até a escrever umas letras e nos intitular uma banda chamada Naba Voadora! mas entao.. sera que o tedio era o responsavel? penso que nao.. algo se perdeu.. ainda estou entediado e nao consigo me divertir daquele jeito..

"The grass was greener
The light was brighter
The taste was sweeter
The nights of wonder
With friends surrounded
The dawn mist glowing
The water flowing
The endless river

Forever and ever!!"

flw ai!!

11:40 AM  
Anonymous Anonymous said...

bah, que lebra massa!!!

1:09 PM  

Post a Comment

<< Home