Friday, September 29, 2006

The Ultimates

Ah, os intelectuais e universitários! Como vocês se acham espertos e inteligentes! Lendo seus livros cheios de bravatas idiotas e achando que entendem esse mundo de terror que se instaurou há 5 anos. Na verdade quase ninguém entende realmente, imagina se vocês vão saber de algo? Pois digo que uma das obras mais interessantes e complexas sobre a mentalidade americana da “guerra preventiva” é um gibi! Um gibi que trata de política e das ações tomadas pelos Estados Unidos, e que (vejam só!) muitas vezes serve para entender as coisas. Pra quem quiser tentar fazer isso, obviamente. E nem é uma graphic novel cult do Allan Moore ou uma nova série do Frank Miller, ou algum outro quadrinho de algum outro autor que os “inteligentes” e moderninhos adoram citar, mesmo sem nunca ter lido uma página de nada que eles tenham produzido.
É um título da Marvel e que é lançado (quase que) mensalmente no Brasil na revista Marvel Millenium: Homem-Aranha! The Ultimates (no Brasil Os Supremos) é a visão moderna dos Vingadores, grupo de super-humanos subordinados a S.H.I.E.L.D. do Coronel Fury e composto por Homem de Ferro, Capitão América, Thor, Vespa, Gigante, Hulk, Feiticeira Escarlate, Gavião Arqueiro, Viúva Negra, Mercúrio, entre outros. A principal diferença dos Vingadores “regulares” para Os Supremos, além de vários componentes da equipe, é o enfoque.
Na versão “século XXI” a Shield foi incumbida de formar uma equipe de super-humanos com um objetivo muito claro: auxiliar nos bastidores da “Guerra contra o Terror”! Lógico que Nick Fury (claramente inspirado no Samuel L. Jackson) faz de tudo para que a equipe não desvie o foco de suas atividades militares (mesmo que ele muitas vezes mande o presidente às favas...), mas quase que rotineiramente as coisas saem de controle. Muito.
A grande causa para que as coisas quase sempre saiam meio tortas é que a maior parte dos principais integrantes do grupo NÃO DÁ A MÍNIMA pra guerra imposta pelos EUA. Tony Stark está muito mais preocupado com seu traje de Homem de Ferro do que com qualquer outra coisa; Bruce Banner quer apenas recuperar Betty Ross e manter a sanidade mental. Falha miseravelmente e ao final do primeiro ano da revista é condenado a morte por ter matado civis em Nova York num ataque de fúria do Hulk. Aliás, essa edição é memorável! Porém o que houve com ele não pode ser caracterizado como morte, o que abre margem para a desconfiança do grupo de que há um traidor entre eles. Todos pensam nos “russos” da equipe, mas os Supremos NÃO É um gibi convencional...; Hank Pym não consegue manter o casamento com a Vespa e a espanca! Steve Rogers (que foi dado como morto ao final da segunda guerra, mas foi “descongelado” por Fury) expulsa o Gigante da equipe após uma coça memorável.
Porém o personagem mais controverso e legal de os Supremos sem dúvida é o Deus do Trovão. Thor é um líder da esquerda radical européia, concede entrevistas falando sobre os malefícios da globalização, organiza uma espécie de comunidade alternativa na Escandinávia e acredita piamente que é O Príncipe Asgardiano reencarnado, mesmo que a maioria das pessoas o considere um lunático! Agora imaginem um cara desses trabalhando pra agência especial anti-terrorismo americana!
O motivo pelo qual o título é relevante e não apenas uma patriotada yankee com a intenção de enaltecer o Capitão América como líder perfeito e na equipe perfeita mora na Escócia e atende pelo nome de MARK MILLAR. Melhor roteirista da “nova geração”, Millar não só consegue impor seu ritmo tresloucado em suas próprias criações (Chosen) como também deixa sua marca com enredos estranhos e diferentes nos títulos mainstream da Casa das Idéias (os próprios Supremos, Ultimate X-Men, o seu arco de histórias para o Homem-Aranha). Muito provavelmente o único roteirista que está no mesmo patamar de Millar hoje é Warren Ellis. Tanto é que Ellis é o roteirista de Pesadelo Supremo, mini que está sendo finalizada no Brasil por agora e reúne os Supremos, e as versões Ultimate dos X-Men e do Quarteto Fantástico.
Vale também o registro que o trabalho do desenhista Brian Hitch nos Supremos, cinematográfico e rico em detalhes, concede o realismo e a urgência necessários para que Millar possa utilizar seu viés muitas vezes político às histórias. As cenas aéreas que Hitch desenha são de tirar o fôlego!
Mesmo utilizando uma linguagem irônica e sarcástica nos diálogos e mostrando vários lados da mesma moeda nesse pandemônio de guerra, terrorismo, armas de destruição em massa e fanatismo (religioso ou político), muitos devem achar que gibis como Os Supremos são apenas mais uma forma americana de impor sua vontade cultural ao resto do universo. E essas mesmas pessoas ouvem “Rock ‘n’ Roll Baby” e lêem Noam Chomsky! Bando de coitados...

3 Comments:

Anonymous Anonymous said...

Disconheço tudo... a nao ser esses universitarios...

1:17 PM  
Blogger Anna Blume said...

Nossa, que maldade com a minha classe... hahaha Vou pensar se te perdoo...

9:50 AM  
Blogger Joel Minusculi said...

Realmente, poucas pessoas conseguem entender o universo dos quadrinhos e a forma com que tratam a realidade. Desde o começo, os heróis da Marvel são tratados de forma mais caricatunesca, justamente pelo marketing investido neles nos filmes (o que fez algumas pessoas acharem conhecer os personagens por alguns minutes de cinema). Não acompanho Os Supremos ainda, preciso pôr na minha fila de leitura!

____________
Joel Minusculi

5:42 AM  

Post a Comment

<< Home