Monday, July 30, 2007

Don't Hide

"I didn't know that my life was wrong
until the right person came along"
Raymond McGinley

Wednesday, July 11, 2007

Forma de Gelo – Parte I

O Assassino Desperto
Era sempre o mesmo raio de sol toda manhã. Seria o mesmo raio, ou quem sabe outro sol? Não saberia mais distinguir, mesmo assistindo o raio iluminar uma fração do cômodo todos os dias, na mesma hora e da mesma maneira, todas as manhãs. Mas seria uma manhã o que acontecia no lado de fora daquelas paredes? A noção de tempo havia se liquefeito em sua mente há... Havia muito tempo. No início imaginava quantos meses – ou anos – ele poderia estar ali, mas com o empilhamento dos dias e a constante perda de raciocínio lógico, a última coisa que importava era a quantidade de tempo que estava isolado naquela peça.
Enquanto olhava as mesmas paredes esbranquiçadas dia após dia, um pensamento precedia qualquer outro: “O dia chegará”. Antes de arquitetar o jeito de levantar, como faria para se alimentar e quanto iria escrever, a frase inundava sua cabeça e repetia-se até transformar-se num mantra de palavras sem sentido. “Um dia o dia chegará”, era sua frase derradeira dita em voz alta (ou imaginava dizer, já que a voz humana perde a característica quando não é utilizada regularmente) antes de iniciar o que fazia sempre.
Anos mais tarde tentaria descrever o local que ironicamente chamava de “casulo”, mas era inútil. Ninguém realmente acreditaria como ele viveu aquele tempo todo – mas quanto tempo foi na verdade? Uma mesa pequena e que só podia ser utilizada se a pessoa estivesse de joelhos ou sentada no chão; Folhas incontáveis e canetas; Sobras de alimentos (os quais ninguém sabe como eram adquiridos); Uma porta marrom muito grande e de complexo encaixe na parede e uma janela de 35 cm de altura por 15 cm de largura. Tudo muito bem distribuído em um cômodo de proporções diminutas, e que poderia estar em qualquer lugar do planeta, mas onde estaria aquela peça, aquele casulo?
Após o mantra a caneta começava a cumprir sua função ferozmente. Folhas eram castigadas por palavras rancorosas e sem esperança. Mas algumas vezes um plano era arquitetado, mesmo que este fosse descrito de maneira enigmática, como se nem sua própria mente fosse digna de confiança.
“Sentirão o que eu sinto, um por um, mesmo que acreditem que esteja morto. Aliás, não há nada mais aterrorizante do que um homem que ressurge do mundo dos natimortos sedento pelo reajuste de contas. Por enquanto deixo a bactéria de nome científico DÚVIDA alimentar-se do restolho de consciência dos meus inimigos, e logo um vírus vai se alastrar, um vírus que eu gosto de chamar de ATENTADOS, nome científico TERROR. Eu não tenho mais nada para perder, e vocês saberão exatamente como é viver assim. Um por um.”
E assim as horas deitavam umas por cima das outras, e quando todas estavam perfeitamente empilhadas, largava a caneta, se exercitava até sentir o sangue ferver por completo e deitava exausto pelo esforço físico e mental. E então quando deitou presenciou uma cena que chamaria, anos mais tarde, de “estopim”.
“... E então deitei, olhando pro ponto onde a parede esquerda se transformava em teto. Quase dormindo, percebi uma espécie de rede fina, transparente no local. Era uma teia de aranha! O pequeno animal estava arisco, espreitando pelo momento crucial... Identifiquei-me com ela imediatamente! Devia estar ali há dias, mas a presa não vinha. Mesmo assim ela estava ali, mente focada e corpo atento.
Após um tempo de observação, um pequeno animal voador começa a passear pelas redondezas da teia! Neste ponto desconfiei que minha mente brincava com meus sentidos, mas resolvi jogar o jogo do devaneio. Não demorou muito para a fina rede cumprir seu papel e atrair o inseto. A aranha não leva mais do que um piscar de olhos para atacar e finalmente cumprir sua missão planejada. Depois de ver todo seu processo de ataque e alimentar, fiquei feliz! A aranha parecia estar sentindo o mesmo que eu, tanto que saiu da teia e ficou na parede, despreocupada. E em menos que um piscar de olhos, uma lagartixa marrom engoliu-a inteira, sem cerimônia, ritual ou batalha, e desapareceu.
Agora eu sei exatamente o que vou fazer.”


FIM DA PARTE I

Thursday, July 05, 2007

Pass it On

Em 2002 eu tinha 16 (idade terráquea) e esses caras deviam ter uns 19, 20 anos. Gostar de um artista tão "contemporâneo" assim é um negócio estranho, mas tu te identifica mais com o lance, eu acho. E como eles são mestres, a banda dos irmãos Skelly e sua trupe, taquiospariu!
Desde a estréia (que é o ponto alto da breve carreira da gurizada medonha lá das ilhas), passando pelos assombrosos - tanto em qualidade quanto em temática - Magic and Medicine e Nightfreak and the Sons of Becker, até chegar na mistura certa entre o que funciona pra banda e onde eles podem experimentar, que foi o não tão bem recebido The Invisible Invasions. Que só pra variar, não saiu por aqui!
Se no Invasions "In the Morning" causava estranheza por ser "acessível e não muito THE CORAL", embora seja o exemplo de canção redonda e criativa, "Who's Gonna Find Me" é quem cumpre esse papel em Roots and Echoes, disco novo dos caras que sai na gringa dia 6 de agosto.
Pelo single de estréia dá pra sentir que os anos 60 deixaram de ser uma fixação psicótica e que agora eles caíram de cabeça nos 70! Uma banda mais madura, com um som mais "recheado", coeso, com os instrumentos encaixados à perfeição, sem firulas. Quando uma banda talentosa chega no ponto em que a MÚSICA, a canção mesmo, é colocada na frente de todo o resto, aí tu te obriga a prestar mais atenção!
Influências são o que menos importa por aqui, interessante mesmo é prestar atenção no som que eles fazem, a maneira como organizam a carreira e os lançamentos, a falta de medo em arriscar, mudar e experimentar, além do talento e da inexistência da pose "eu me levo a sério e meu trabalho mudará o pensamento pós-moderno da raça humana".

O único rival a altura do The Coral hoje é o My Morning Jacket, e olhe lá!

Eu era um talentoso juvenil


"When you're on tour you don't live a normal life and you don't do normal things. We'd been at it full-tilt for four years without a proper break, since we were dead young. So we went home and became normal people again. Right from the release of our first single, we were suddenly the main attraction. I think we had to make ourselves under-dogs again." - James Skelly, clamando por uma vida normal e para ser o "azarão" mais uma vez.


The Coral ensaiando para o clipe de "Vamos Virar Japonês", um tributo ao Ultraje a Rigor